Papa receberá o rei Charles e a rainha Camilla no Vaticano
- 17/10/2025
Visita de Estado ao Vaticano do rei Charles e da rainha Camilla; um encontro que terá forte significado ecumênico e atenção especial à ecologia integral
Da redação, com Vatican News

Rei Charles e a Rainha Camilla participam de um banquete de estado no Castelo de Windsor, em Windsor, Grã-Bretanha / Foto: Aaron Chown – Pool via Reuters
Está prevista para a próxima quinta-feira, 23, a visita de Estado dos Monarcas da Inglaterra. O protocolo – informa a Sala de Imprensa da Santa Sé – seguirá o modelo das visitas de Estado. Às 10h45 locais, após passarem pelo Arco das Campanas, os soberanos serão recebidos no Pátio de São Dâmaso. Às 11h, na Biblioteca Privada, ocorrerá a audiência com o Papa, enquanto às 11h45 acontecerão encontros paralelos: a rainha Camilla visitará a Capela Paulina, e o rei Charles terá uma reunião na Secretaria de Estado com o cardeal Pietro Parolin. Às 12h10 será realizada uma oração ecumênica pela salvaguarda da Criação, presidida pelo Papa na Capela Sistina. Ao término da celebração, ocorrerá na Sala Régia o encontro com representantes de instituições empenhadas na defesa da casa comum. À tarde, às 14h45, os monarcas estarão na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, onde o rei Charles será agraciado com o título de Royal Confrater.
O Palácio de Buckingham também confirmou a visita “histórica”, que – segundo nota oficial – refletirá o tema do Jubileu “Peregrinos da Esperança” e reconhecerá o trabalho ecumênico realizado por ambas as partes.
Os detalhes da visita
O ecumenismo e o cuidado com a Criação são os dois pilares da visita do rei e da rainha da Inglaterra, Charles e Camilla. No briefing de hoje, 17 de outubro, na Sala de Imprensa da Santa Sé, dom Flavio Pace, secretário do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, abordou o primeiro aspecto, enquanto os temas ligados à ecologia integral foram o centro da intervenção da irmã Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. A visita de Estado, segundo a vontade do rei Charles – inicialmente programada para abril e adiada em razão da morte do Papa Francisco –, está também vinculada ao décimo aniversário da Laudato si’. Terá um importante valor espiritual, dado que o soberano é o Governador Supremo da Igreja da Inglaterra. Desejo de Sua Majestade, precisou dom Pace, foi também o de participar de uma liturgia que será conduzida pelo Papa Leão XIV e pelo arcebispo de York, Stephen Cottrell, na Capela Sistina, sobre o tema do cuidado com a casa comum.
O hino de Santo Ambrósio
Os salmos e as leituras serão centrados no louvor a Deus Criador. Dom Pace destacou que o caráter ecumênico também se refletirá no hino que será cantado no início. O texto é de Santo Ambrósio de Milão, mas será executado em tradução inglesa de São John Henry Newman, que foi anglicano durante metade de sua vida e católico na outra metade. O próximo 1º de novembro, como anunciou o Papa Leão, Newman será declarado Doutor da Igreja; uma importante delegação da Igreja Anglicana estará presente na Praça São Pedro. O próprio rei Charles esteve na cerimônia de canonização do cardeal em 2019. A liturgia será animada pelos coros da Capela Sistina e pelas crianças da Capela Real de St. James’s Palace, de Londres, junto com o coro da Capela de St. George, no Castelo de Windsor.
O título para o rei Charles
Na tarde de 23 de outubro, os monarcas estarão na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, que, juntamente com a abadia beneditina anexa, possui forte vínculo com a Coroa Britânica. É significativo – observou o secretário do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos – que no brasão da abadia figure o emblema da Ordem da Jarreteira, uma das mais altas honrarias inglesas. Por seus laços históricos e pelos progressos alcançados no caminho da reconciliação entre a Igreja de Roma e a Igreja da Inglaterra, o arcipreste da Basílica, cardeal James Michael Harvey, e o abade da comunidade monástica, dom Donato Ogliari, com a aprovação do Papa Leão XIV, concederão o título de Royal Confrater of Saint Paul (Confrade Real de São Paulo) a Sua Majestade o rei Charles III. “Um sinal de honra – explicou dom Flavio Pace – e de comunhão espiritual.” Para a ocasião, foi criado um assento com o brasão do rei Charles e a inscrição em latim Ut unum sint – “Que todos sejam um”, citação do capítulo 17 do Evangelho de São João. O rei se sentará nesse assento durante a cerimônia; posteriormente, ele permanecerá no ábside da Basílica, para ser usado futuramente por Sua Majestade e por seus sucessores.
O cuidado com a Criação, tema de união
Quanto ao tema da ecologia ambiental, a irmã Alessandra Smerilli, secretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, explicou que, ao final da oração na Capela Sistina, o Papa e o rei Charles seguirão para a Sala Régia para um breve encontro sobre o cuidado com a Criação, junto com representantes da Cúria, empresários e pessoas engajadas em questões ambientais, o Movimento Laudato si’ e especialistas das Nações Unidas. “O encontro – destacou – reflete o vínculo entre a Igreja Católica e a Igreja Anglicana nesse tema.” “O Papa Francisco – continuou a religiosa – ressaltou repetidas vezes que tudo está interligado e que as crises ambiental e social caminham lado a lado. O Papa Leão tem prosseguido nessa linha, dando novos passos adiante.” A irmã Smerilli recordou, de fato, a celebração realizada em 9 de julho passado com o novo formulário da Missa pro custodia creationis (“Pela salvaguarda da Criação”) e a inauguração do Borgo Laudato si’, em 5 de setembro de 2025. A secretária do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral destacou a abordagem colaborativa em temas como a mudança climática e a perda de biodiversidade, com empresas selecionadas pela Casa Real, bem como o compromisso do rei em reunir o setor privado para promover a transição rumo a um futuro sustentável.
Rumo ao futuro
Em ambas as intervenções, foi ressaltada a importância da visita de Estado dos monarcas, especialmente no campo ecumênico. “Trata-se – sublinhou dom Flavio Pace – de um evento histórico”, de reconhecimento de um caminho comum que celebra os progressos alcançados e oferece um sinal de esperança para o futuro. Para a irmã Alessandra Smerilli, trata-se de uma forte conexão entre as Igrejas em torno das questões ambientais – temas cada vez mais relevantes para o futuro das novas gerações.
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